NATAL TODOS OS DIAS

 Quero Natal todos os dias, 
 na manhã 
 na tarde
 na noite
 com a lua cheia, minguante ou crescente
 em cada estrela 
 que no céu
 ou na terra
 venham brilhar

Quero Natal no olhar que contagia 
nos gestos de carinho
e de alegria 
em cada rua
em cada esquina 
em cada Lar

Quero Natal na mesa farta
dos pobres
dos ricos
dos abnegados
e daqueles
que não vão precisar mais mendigar

Quero natal no coração
de toda gente
do ancião
do adulto
da criança
e do adolescente
que no íntimo de cada um
deixe a vida nele sempre pulsar

Quero Natal, enfim
de comunhão
de confraternização
de solidariedade
que multiplica
que divide 
que une
todos os povos
na sua diversidade
em uma única NAÇÃO
neste nosso mundo real de cada dia.

Amar é o Segredo


Eu não sabia que pra fazer poesia
basta tão somente amar
A começar por mim
e continuar por ti
neste sentimento que não tem fim 
Assim de um jeito livre
vou decorando a vida
Fluindo e recriando dentro e fora...
De uma folha de papel
(Delma Teixeira)

UM MILAGRE


Ah!!! Apaixonar-se!                      
Esse jogo?                                  
Como envolve tantas questões:                           
Não é apenas a beleza                                        
a altura                                      
ou mais ou menos gordura
É química mesmo
Coincidir momento
maturidade
e sentimento
tem que estar no pacote
É pura sorte
Amar e não ser amado
se alguém apostar nisso é masoquismo
Adianta apaixonar-se


se não for correspondido?
Um beijo para ser bom
os dois não devem estar envolvidos?
São detalhes tão significativos:
o toque
o jeito de olhar
o modo de falar
o sorriso
Até o caminhar chama a atenção do coração
Não é só o fato de receber flores
Nem o convite para tomar sorvete
É a soma disso tudo que faz o coração pulsar
Não adianta forçar a barra
Uma amizade bonita pode acabar                         
Falar claro das suas intenções...
é a melhor opção para começar uma relação
Não alimentar falsas esperanças     
                       
não mentir
nem iludir
quem sabe o apaixonar-se poderá advir
O tempo nada tem a ver
É uma questão de sintonia
de pele
de cheiro
e de magia
Apaixonar-se simultaneamente...
Ah!!! É um milagre sem igual                       (Delma Teixeira)

PLENITUDE


Quero voltar
as minhas origens
Encarnar de verdade
a mulher das cavernas

Viver intensamente
meus instintos
Me entregar como uma flor
ao beija-flor



Quero me deixar explorar
como um garimpo
Oferecer para percorrer:
meus vales, montanhas, rios e mares

Me aprofundar, mais e mais, a cada instante
Sentir no auge do esplendor... a plenitude
E assim, assumir de vez
a Deusa do amor que existe em mim...

(Delma Teixeira)


No meu complexo anímico psicológico existe uma dinâmica entrelaçada de cada uma das Deusas Gregas, um pouquinho das Deusas Virgens (autossuficiência), um montão das Vulneráveis (enfase nos relacionamentos, principalmente na comoção pelo instinto maternal) e um tanto da Deusa Afrodite (Deusa alquímica do amor).  Poesia inspirada pelo estudo do livro "As Deusa e a Mulher" de Jean Shinoda Bolen (estudo em grupo "As Shaktis").


O BAILE

A lua é testemunha:
a princesa foi a pé!
A abóbora não virou
carruagem
nem havia
tapetes no caminho
O príncipe foi-lhe arrastando
e ela resmungando baixinho
Ele tentou carregá-la
mas era muito fraquinho
Passou pontes
pedregulhos
vielas de capim
estradas sem calçamento
uma árdua vereda enfim
Não teve orquestra sinfônica
nem fogos de artifício
nem violas
ou violinos
só um radiozinho
para alívio 
Não teve banquete
nem flores
só suspiros e amores
desejos
arrebatados
sussurros
e muitos carinhos
E assim...
a princesa
apaixonou-se
e o príncipe?

No conto de fadas a princesa vai ao Baile numa carruagem, o seu vestido é longo, todo bordado pelo bico dos passarinhos, mágica feita pela Fada Madrinha. O Baile acontece num Palácio Imperial que é um luxo só, com jantares, criados e orquestra. O príncipe é perfeito, malhado e possui todos os atributos que encantam, além, é claro, de possuir um vasto patrimônio. Na vida real, a história é outra, o príncipe trabalha como um condenado, não tem criados, não tem carro, anda a pé ou de Uber e a princesa vai ao baile também a pé com sua saia de Chita e blusa de Algodão e é feliz porque valoriza a beleza da simplicidade, a entrega com sinceridade e vive intensamente o aqui e agora bailando com leveza e autenticidade, deixando a música do radiozinho penetrar na sua alma e assim colorir a sua vida real com amor e harmonia a cada dia,  colocando poesia em tudo que vê e experimenta.

O CAMINHO DO AMOR



Ao me deixar dançar a vida
fortaleci minhas raízes
ressignifiquei o meu passado
rescrevi a minha história

Ao me deixar dançar a vida
curei velhas feridas
expulsei magoas e ressentimentos
libertei meu coração

Ao me deixar dançar a vida
fiz escolhas assertivas
focadas
na autorresponsabilização

Ao me deixar dançar a vida
lagrimas deram guarida
a gratidão reconhecida
imprimindo com sua ternura

que só o amor vale a pena

(Delma Teixeira)


De tudo que já experimentei na vida a única coisa que ficou registrado nas minhas lembranças  foi o amor... o amor da família , dos amigos, das filhas, dos colegas, o amor por mim mesma... quem não conheceu o amor na sua existência, tenha certeza que não viveu de verdade...

Simplicidade




Arraigada dentro d’alma
Revela-se à flor da pele sem vaidade
Persegue fiel ao sentimento do coração
Não se deixa levar pela submissão

Bela na sutileza dos seus gestos
Ausente no emprego de artifícios
Presente no tocante à emoção
Atua modesta na sua realização

                                       Transparente como um cristal
                                       Leve como um floco de algodão
                                       Múltipla no infinito espaço sideral
     Única no propósito claro da ação

    Voa nas asas da borboleta
    Alimenta-se como um beija-flor
   Sorri nos lábios de uma criança
   Pega na mão do seu amor

  Uma semente que germina
  Pássaros que voltam ao seu lar
  A doce ternura de uma menina
  O velho saber de cativar

Serena, pousa no instante
Do essencial faz sua constante
Sem rodeios, sem conflitos...
Contenta-se em ser só o que é


Gosto das coisas simples, sou assim desde criança, não adianta alguém querer que eu seja sofisticada, patricinha, dondoca ou madame, nem tão pouco extrovertida ou espalhafatosa, isso não combina com meu temperamento.

Quanto mais simples o gesto mais aguça a minha curiosidade. Foi neste observar solto que no dia da estréia de Lisistrata vi meu diretor, Lucas Mariane, arrumando as cadeiras na platéia do teatro, acomodando sensivelmente as pessoas, colocando na frente os mais idosos e de difícil locomoção. Aquele gesto chamou minha atenção. Ele, nosso diretor, um rapaz jovem, que, na sua condição hierarquicamente superior, poderia ficar apenas de camarote, fazendo só o que lhe diz respeito. Não! Estava ali dando o maior apoio. Foi naquele momento que surgiu os primeiros versos inspirados num comportamento com toda simplicidade de ser.